‘Bancada da bola’ no Congresso abandona Ednaldo Rodrigues após destituição da CBF: ‘Já vai tarde’

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Seguindo o mesmo movimento das federações estaduais, a “bancada da bola” no Congresso Nacional abandonou a defesa de Ednaldo Rodrigues, afastado da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na última quinta-feira (15). Segundo deputados do grupo ouvidos pelo Estadão, a base realmente forte que o cartola da Bahia tinha na Câmara dos Deputados e no Senado Federal estava concentrada na bancada dos seus conterrâneos,  e esse foi o apoio que sobrou no Legislativo.

“Olha, eu acho que esse Ednaldo não tinha nível para comandar a CBF, não. Sinceramente, já vai tarde”, diz o senador Ciro Nogueira (PP-PI), apontado como um dos principais aliados dos interesses da entidade ao longo de gerações.

Foi a Ciro que Ednaldo recorreu, em 2021, para tentar liberar o jogo de Brasil e Argentina, em São Paulo, barrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Federação de Futebol do Piauí, Estado do senador, acompanhou outras 18 federações e decidiu por criticar o ex-presidente da confederação, mesmo tendo aprovado seu nome por unanimidade no final de março.

Isolado, Ednaldo diz a pessoa próximas que a sua queda se deve a Flávio Zveiter, filho do desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Luiz Zveiter e ex-aliado. Os poucos companheiros que sobraram, como o deputado José Rocha (União-BA), acreditam mais numa ação da Federação Internacional de Futebol (Fifa) em defesa do baiano do que numa proteção via decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Estatuto da Fifa diz que as associações membros devem gerir os seus assuntos de forma independente e sem influência indevida de qualquer tipo de terceiros.

“Eu acho que é um problema político, de disputa de poder. O TJ do Rio de Janeiro, a família Zveiter, que quer a todo custo comandar a CBF”, diz Rocha, amigo de Ednaldo desde a década de 1980. “O STF vai entender que o momento não é de tumulto, é de calmaria”.

A existência da “bancada da bola” no Congresso com pelo menos 22 parlamentares que agia em defesa dos interesses da CBF e Ednaldo. Para construir essa relação, o cartola reviveu uma estratégia usada por Ricardo Teixeira e criou uma casa de lobby da entidade em Brasília.

Esse grupo de deputados o protegeu, por exemplo, de participar de Comissão Parlamentar de Inquérito (I) na Câmara para prestar esclarecimentos aos deputados sobre manipulação de partidas de futebol no País.

Agora, integrantes de fora da Bahia deixam o caso de lado. “O que me preocupa é mais a parte do futebol. Essa parte política, deixa para o pessoal na Justiça”, afirma o deputado Júlio Arcoverde (PP-PI).

As 19 federações que publicaram um manifesto contra Ednaldo podem apoiar Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol, que já conta com o apoio do senador Dr. Hiran (PP-RR). “Samir é um colega médico e tem todas as qualidades para ser um bom presidente, desde que tenha um assessoramento adequado”, afirmou.

Para o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), aliado de Ednaldo e opositor de Ricardo Teixeira, Ednaldo errou na forma como construiu relações com os presidentes de federações estaduais. “Esse baiano errou em relações com presidentes de federações. Ednaldo é criança perto de Ricardo (Teixeira), (José Maria) Marin, Nabi (Abi Chedid) e Marco Polo (del Nero)“, afirma.

Figuras do entorno da CBF avaliam que o próprio Ednaldo criou a situação política que o levou à queda. A figura centralizadora dele e de pouca abertura gerou sucessivos rompimentos – isso aconteceu com Luiz Zveiter, por exemplo, que foi vice-presidente de Ednaldo no primeiro mandato.

Nos bastidores, aliados do ex-presidente da CBF creem em ação conjunta entre Zveiter e o ministro do STF Gilmar Mendes, antes tido como aliado do dirigente baiano. Foi o magistrado quem no ado agiu para recolocar Ednaldo no cargo e também permitiu o parecer que o retirou da função.

No Congresso, oposicionistas, que viam no desgaste de Ednaldo um caminho para poder atingir Gilmar, creem que a I da CBF, ainda na fase de em coleta de s, tem pertinência e deverá tramitar no Congresso.

“Vamos continuar e vamos para frente. A I não perdeu o objeto dela”, diz o senador Eduardo Girão (Novo-CE). “Depois de tudo que está vindo à tona, vamos conseguir as s”.

Estão em coleta de s, neste momento, três requerimentos de I – uma na Câmara, que exige o número mínimo de 171 s, uma no Senado, que demanda 27 subscrições e uma mista, que exige igual número de apoios de deputados e senadores.