Houve estratégias machistas de desqualificação do meu trabalho, diz Nísia Trindade

A imagem mostra uma mulher com cabelo escuro e ondulado, usando uma blusa branca com detalhes. Ela está sorrindo levemente e olhando para o lado, em um ambiente com um fundo colorido e artístico, que apresenta formas abstratas e figuras humanas estilizadas. O fundo é predominantemente em tons de azul, amarelo e vermelho, criando um contraste vibrante com a mulher em primeiro plano.

Folha de S.Paulo

Mesmo a longa trajetória na área da saúde não impediu a ex-ministra Nísia Trindade de ser o primeiro alvo da reforma ministerial ensaiada pelo governo Lula (PT). Sob pressão do centrão e vivendo um processo de fritura política, a ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) enfrentou uma sequência de crises, que incluiu, por exemplo, o recorde histórico de casos e mortes por dengue no país em 2024.

À Folha, a ex-ministra diz que sua saída da pasta foi marcada por estratégias machistas de desqualificação do seu trabalho, mas evita apontar dedos.

“Eu acho que foram tantos os atores que, como eu disse… Já falei o que devia sobre isso. Basta ver imagens, ângulos que são pegos, ideias de fragilidade, expressões nesse sentido. Mas eu me sinto uma pessoa, sobretudo, consciente no meu papel, preparada para a função que eu exerci”, declara.

“Eu diria que isso é um processo difuso na sociedade, que muitas vezes acontece sem os atores perceberem. E houve, claro, estratégias de desqualificação”.

De volta ao ambiente acadêmico, em visita ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), onde assumiu a titularidade da Cátedra Olavo Setúbal ao lado dos acadêmicos Alemberg Quindins e Fernando José de Almeida, Nísia conta o que tem feito desde que deixou a posição, e reluta em falar sobre o período na gestão.

“Nossa entrevista vai ser sobre a minha gestão, é um balanço de gestão?”, questiona, ao ser perguntada sobre o desabastecimento de vacinas que atingiu seis em cada dez municípios brasileiros, segundo estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

“Esse estudo mencionado foi amplamente discutido e os dados mostram que onde houve problemas imediatamente se buscaram alternativas, outras vacinas existentes, estratégias de vacinação. Então, o Brasil avançou na vacinação durante esses dois anos”, avalia.

A ex-ministra analisa que seu período à frente da pasta foi curto, mas diz se sentir consciente sobre a importância do seu papel, e deseja sucesso ao governo Lula.